Araras / SP - sábado, 04 de maio de 2024

Esquizofrenia

O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia é uma doença cerebral crônica, incapacitante, que geralmente se inicia na adolescência ou no início da idade adulta. É caracterizada pela presença de sintomas psicóticos durante fases agudas, como delírios e alucinações, que são chamados de sintomas positivos, passíveis de tratamento e remissão, e sintomas relacionados à deficiência progressiva de determinadas funções psíquicas como o afeto, chamados de sintomas negativos.

Por ser uma doença crônica, as recidivas são uma das principais preocupações no tratamento. Para a prevenção destas, o tratamento com antipsicóticos é realizado por longos períodos, na maioria dos casos por toda a vida.

Sintomas da esquizofrenia

Os primeiros sintomas podem surgir na adolescência ou no início da idade adulta.

O indivíduo que tem esquizofrenia pode apresentar uma grande variedade de sintomas. Os mais comuns são os chamados positivos e negativos. Os sintomas positivos estão presentes nas fases agudas desta doença e são especialmente aflitivos para os pacientes e familiares, pois são caracterizados por crenças em fatos que não condizem com a realidade (delírios), percepções auditivas, visuais, táteis, olfativas ou corpóreas inexistentes (alucinações), agitação, agressividade e, caracteristicamente, não se sentir doente. São vivências desagradáveis, de perseguição, crítica, humilhação e outros, quase sempre intensas e bizarras, que desestruturam o paciente e todos que estiverem ao seu redor. Esses sintomas podem estar associados a situações de difícil controle e demandar tratamento ou internação involuntária.

Os sintomas negativos, mais valorizados desde o advento dos antipsicóticos de segunda geração, estão relacionados à progressão da doença em si e são caracterizados por deficiências cognitivas (memória, atenção, consciência, orientação) e afetivas, com reflexos importantes sobre a qualidade de vida dos pacientes e familiares. São sintomas não tão exuberantes e estranhos como os positivos, mas igualmente importantes.

Qual a causa da esquizofrenia?

A prevalência da esquizofrenia é de aproximadamente 1% desde que foi descrita, em povos de diferentes culturas, sem variações em períodos com influências ambientais diversas. Isso fala a favor de um componente genético forte. Porém, a causa da esquizofrenia ainda é incerta e existem muitas teorias.

Sabe-se que os sintomas da esquizofrenia, tanto os positivos como os negativos, ocorrem em função de diversas alterações cerebrais. Até o presente momento, correlaciona-se os sintomas positivos às altas concentrações de um neurotransmissor denominado dopamina em uma das quatro vias dopaminérgicas conhecidas do sistema nervoso central (SNC), a via mesolímbica. Portanto, a principal forma de tratamento da esquizofrenia hoje em dia são os medicamentos que bloqueiam os receptores de dopamina. Eles são chamados de antipsicóticos - ou neurolépticos - e classificados como típicos ou atípicos dependendo de seu espectro de ação. A maioria dos antipsicóticos típicos bloqueia fortemente os receptores D2, o que trata de forma eficaz os sintomas positivos, mas causa muitos efeitos adversos (motores, hormonais e comportamentais) o que dificulta a adesão ao tratamento.

 

Como é o diagnóstico da esquizofrenia?

O diagnóstico da esquizofrenia é principalmente clínico e geralmente realizado por médicos especialistas. Requer uma avaliação médica cuidadosa, que avalie a presença de diversos sintomas. Pode incluir entrevistas com familiares e a solicitação de exames complementares (sangue, urina e imagem). Outras condições clínicas podem causar quadros clínicos semelhantes ao da esquizofrenia, como a intoxicação aguda por alucinógenos ou o uso crônico de cocaína, por isso uma investigação médica é fundamental.

Tratamento

O tratamento desta doença visa, em primeiro lugar, controlar os sintomas positivos e evitar que eles retornem. A estabilização e a manutenção do paciente assintomático, adia ou evita novas crises. Dessa forma, interfere de maneira positiva no processo subjacente, diretamente ligado ao agravamento dos sintomas negativos e cognitivos. Em segundo lugar, objetiva-se a melhora dos sintomas negativos e cognitivos, obtida através do uso regular de medicamentos, principalmente os chamados antipsicóticos atípicos, geralmente em doses menores que as usadas nas fases agudas.

O tratamento regular e crônico é um fato de difícil aceitação por qualquer paciente e, no caso da esquizofrenia, há o agravante da própria doença fazer com que o indivíduo não se considere doente. Se um indivíduo não se julga doente, porque ele vai fazer uso de um medicamento? Em muitos casos, a utilização de medicamentos chamados “depot” (de depósito) é de extrema importância no tratamento dessa população. A melhor evolução clínica está associada às intervenções precoces e a um menor número de crises ao longo da vida, o que conseguimos com a manutenção do tratamento com antipsicóticos por longos períodos, muitas vezes por toda a vida.